domingo, 26 de fevereiro de 2012

E aí, enxadristas? rs.



Eu estava aqui repassando minhas partidas do  II NRT de Dourados/MS, 25-26/02/2012 e, de certa maneira, fiquei impressionado com a partida que joguei com nosso amigo Rafael Aleixo.
Normalmente gostamos mais de comentar as partidas que ganhamos, mas na minha opinião a mais interessante que eu joguei foi mesmo a que empatei com o Rafa.
Têm vários erros, meus inclusive, admito. E admito ainda que o Rafael me propôs empate numa posição ganha pra ele, talvez devido aos erros de ambas as partes, mas a partida que jogamos possui alguns pontos de alta complexidade, e vale a pena o seu estudo até antes dos principais erros.
Tentarei expor algumas ideias dessa partida, aguardando que o Rafael tb faça as suas análises:

Rafael Aleixo x André Greff, 25.02.2012.

1. Cf3 - Cf6; 2. g3 c6! (decerto esse lance deve ter sido uma surpresa não tão agradável para as pretas, que pretendiam uma forte diagonal pro bispo de g2, extraí essa ideia do livro Estrategia Moderna do Watson, sugestão para que as pretas respondam a inglesa); 3. Bg2 - d5; 4. d3 - Cbd7 (o lance c6 tem lá seus inconvenientes, o principal deles é s/ como liberar o bispo de c8); 5. 0-0 - e5; 6. Cbd2 - Bd6; 7. e4 - 0-0; 8. a4 - a5 (necessário esse lance, porque o avanço do peão a das brancas ameaçava criar debilidades na ala da dama preta, ainda não totalmente desenvolvida); 9. h3 (depois o Rafael comentará esse lance, que na minha opinião debilita um pouco o roque das brancas) Dc7; 10. Te1 - dxe4 (porque mantem a diagonal do bispo de g2 fechada...); 11. dxe4 - Bc5 (as pretas encetam uma iniciativa, às custas de um ataque de bispo, mas seu objetivo, obviamente, é liberar o outro bispo de c8); 12. Cc4 - Td8; 13. De2 - b5! (o lance liberador! além de liberar o bispo de c8 em a6, ainda é possível se apropriar da diagonal a6-f1); 14. axb5 - cxb5; 15. Ce3...
(Façamos uma pausa aqui, pois aqui a partida vale realmente a pena ser analisada em suas diversas linhas.
O GM Iossif Dorfman, no seu livro El método en Ajedrez, defende que toda partida tem o seu momento crítico, que é aquele momento que exige uma decisão que pode levar à vitória, não raro, exigindo sangue frio.
O momento crítico desta partida é aqui.
Impunha-se às pretas, penso eu, jogar. 15. ... - Cxe4!.
Contudo, as variantes que surgiriam após isso, para se analisar em apenas 40 minutos, que era o tempo que me sobrava, já que a partida era de 1 hora pra cada jogador, foi-me extremamente difícil.
Mas essa análise é muito legal de se fazer...
As brancas tinham várias respostas a 15..... - Cxe4!, podendo-se destacar: A) 16. Cg5... B) 16. Cd5... Mas imagino que meu adversário escolhesse mesmo 16. Cd5. Depois de  16. Cd5, as pretas tem de jogar: 16.  ...-Cxg3, e nesse caso as brancas teriam de optar por 17. Dd1 ou ainda 17. Cxc7...
Mas nas diversas linhas que analisei, as brancas saem com um peão a mais ou dois! Contudo, as pretas não capturaram o peão e a partida seguiu outros caminhos...)
15. ... - Ba6 (decerto, esse lance deve-se a um posicionamento psicológico que causa muitos problemas para os jogadores... uma vez idealizado que desenvolveria o bispo de c8 via a6, e a necessidade premente de tirar a torre de a8, as pretas se descuidam de analisar outras possibilidades, inclusive táticas);
16. Cd5 - Cxd5; 17. exd5 (temos aqui um peão isolado avançado, mas protegido por um bispo em g2 e a torre preta ainda está na mira em a8) b4! (lance que objetiva abrir a diagonal a6-f1 p/ as pretas); 18. De4 - Db6; 19. Be3 - Bxe3; 20. Dxe3 (aqui, talvez mais interessante fosse 20. Txe3, mantendo-se a dama para fortalecer o avanço do peão d) Dxe3; 21. Txe3 - Bc4; 22. Cd2 - Bb5; 23. c4 - bxc3e.p. (as pretas evitam c4 momentaneamente); 24. bxc3 - Tdc8; 25. c4 (aqui, as brancas podiam avaliar o lance 25. Tc1, seguido de Cb1... Ca3) - Bxc4; 26. Tea3 - Tc5; 27. Cxc4 - Txc4; 28. Txa5 - Txa5; 29. Txa5 - Tc1+;  30. Rh2 - Tc2 (um mau lance... melhor seria 29. ... - Td1, ou até mesmo g6); 31. Ta7 - Cf8 (naturalmente, uma posição infeliz do cavalo, coisa que não ocorreria se as pretas tivessem feito g6); 32.  f4 - exf4 (aqui, as pretas tinham um lance interessante: 32. ... e4!, podendo levar para uma posição de evidente empate se as brancas tentassem tomar esse peão de torre, seguindo 33. Te7 - Td2; 34. Txe4 - Txd5; 35. Tmove - Tmove e tem-se uma posição clara de empate. Era, na verdade, a ultima chance das pretas de forçarem um empate); 33. gxf4 - Td2; 34. Rg3 - f5; 35. h4 - Td3+; 36. Bf3 - Cg6; 37. h5 - Cf8; 38. Rf2 - Td2+; 39. Re3 - Tb2; 40. Be2 - Tb8... (as pretas jogam muito mal o final) 41. Rd4 - Tb4; 42. Bd4 - g3; 43. h6 - g5... E aqui as brancas ofertam o empate, resultado que parece ser justo ante os erros de ambos. Contudo, penso que tinham posição vencedora se seguissem com 44. fxg5 .. Ta8... d6...).
Apesar dos equívocos de ambos os lados, uma interessante partida.
Ainda não a analisei com engines, farei isso e depois posto novas observações.

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